quinta-feira, 8 de março de 2012

Alguma coisa acontece no meu coração – Parte II

Uma mistura de entusiasmo, receio e estranhamento. Foi assim que me senti no caminho do meu primeiro exame de ultrassom. Estava excitada, claro, mas por momentos achava que quando o aparelho encostasse na minha barriga não ia ter nada lá dentro. Acreditei mesmo, que era possível que toda esta história de gravidez não tinha passado de um louco engano, e que tudo que veríamos era meu estômago e tripas se revirando. Sem contar que todas as ultrassons que eu já havia visto era uma borrão preto e branco, que nem usando toda minha capacidade de abstração e imaginação, nem tampouco meus conhecimentos em arte moderna me faziam conseguir visualizar um bebê. Para frustração da mãe que me mostrava, como todo seu entusiasmo cada parte do seu neném interior.
Eis então que é chegada a hora entro na sala escura e o médico que fala pra tirar a calcinha. Oi??? Como assim???? Que eu saiba eles passam uma geleca na sua barriga, pra que tenho q ficar pelada? Enfim....sem entender muito, fiquei. Deitei na cama, dei a aquela arreganhada (hj são tantas que já nem me importo mais!) e ele literalmente “xuxou” o trem em mim. Não tive nem tempo de sentir um susto se quer,  pois assim que pensei em reagir olhei para a tela e vi uma coisa parecida com um filhote de E.T se mexendo, mexendo muito. Aquilo, ou melhor, aquele era o MEU filhote. Então me emocionei. Pra ser sincera não sei o que senti, só sei que senti...senti tanta coisa boa, meus olhos ficaram vidrados na tela, meu coração acelerou e minha boca tava tão sorridente que depois até doeu. Foi a coisa mais linda que já vi.
O mundo naquele instante parou, o tempo parou, nada mais importava, só ele, só aquela coisinha viva que se mexia loucamente dentro de mim, com seus projetos de braços e pernas e já um pequeno e ainda incerto projeto do que mais tarde se confirmaria ser de um pintinho. Naquele momento, eu soube, simplesmente soube, que tudo daria certo.
Uma força invadiu meu peito, uma certeza absoluta de que aquilo tudo era a melhor coisa que podia ter me acontecido, e com certeza é e será sempre. Dentro de mim agora habitava um ser, uma vida, um futuro, o meu futuro, o nosso.
Que bom que não tinha um buraco vazio ali, que bom que não eram minhas tripas se remexendo, que bom que era o meu filho. Sim, filho. Esta foi a primeira vez que senti um amor além do imaginável, foi a primeira vez que me senti realmente ligada a alguém, a primeira vez que tive certeza que algo realmente valia a pena.
Você, meu filho, vale a pena, vale tudo de melhor que eu puder te oferecer, vale cada gotinha de amor que eu tiver pra te dar.
Minha única dúvida depois daquele momento é se teríamos no mundo mais uma flor, ou uma estrela.

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