Memória de peixe

- Oi eu sou a Dolly!

Pra quem não conhece esta frase está perdendo um dos mais fofos desenhos já feitos – Procurando Nemo- além de falar sobre paternidade, super proteção e outros assuntos que fazem qualquer pai dar uma refletida, é uma animação muito bem montada e escrita, e a melhor personagem para mim é a Dolly, uma peixinha que tem sérios problemas de memória.

Tudo isso é na verdade pra falar sobre o Du, pois os dois (ele e a Dolly) são extremamente parecidos, ambos são lindos, engraçados e possuem uma memória recente de apenas alguns segundos. Vamos tentar exemplificar: Estamos no quarto, o Du desce até a cozinha para pegar alguma coisa, eu peço para ele trazer um pouco de água pra mim ele confirma com a cabeça e sai....o tempo passa ele retorna com seu suco, leite ou outra coisa na mão, eu olho e pergunto – cadê minha água? Ele arregala os olhos e sai correndo  e depois de algum barulho na cozinha volta com um copo na mão....ele havia esquecido. Também é comum esquecer a toalha e ir tomar banho, como também esquecer de fechar o zíper da calça depois de ir ao banheiro, e então elevai pra rua com seu cidadão se refrescando na cueca.

Pode parecer exagero, e talvez até seja um pouco, pois tendo ao exagero – sometimes- mas confesso que já me peguei pensando em como isso pode afetar o nosso bebê, tipo, será que ele vai esquecê-lo? Será que vai esquecer de trocar a fralda? Ou onde estarão as fraldas? Será que ele vai lembrar de comida, água essas coisas?

Ok, concordo que estou sendo nerótica, mas conhecendo o Du como eu conheço, e quem Tb o conhece não me deixa mentir sabe que é possível sim que algo do tipo aconteça...ele sofre de “nuvens” como eu costumo dizer. Estamos conversando ou fazendo qq coisa e de repente vc olha pra ele e ele ta lá, parado com cara de extraterrestre passeando pelas suas nuvens neurais.

Eis que então um belo dia algo muito interessante aconteceu... ele chegou em casa com o comprovante de pagamento do cartão de crédito, porém eu já havia pago o mesmo pela internet no dia anterior, ou seja, pagamos duas vezes. Então tive que ligar para aqueles super linhas bank lines mother fuckers para que eles constatassem a duplicidade e devolvessem o valor.... Anfan....estava lá com a moça e ela vai e me pede o numero de agencia e conta, AFF!!! Meu banco era um e foi comprado por outro, logo eles mudaram todos os meus números que eu levei ANOS para decorar! Quando disse que só sabia os números antigos ela respondeu que só era possível fazer lá o trem* com os números novos. O Du que até então estava quieto, ao ver eu ficando fula da vida com a história toda começou a falar os números novos da minha agencia e conta!!!!!

Como assim gente???? Ele sabia de cor os meus números novos???!!! Fiquei bege! Dessa vez quem olhou com cara de espanto fui eu. Bem, isso tudo me fez ficar mais tranqüila em relação a sua memória de Dolly, pois no começo ele até pode esquecer o bebê e nada que um chip, ou acompanhamento via satélite, não resolva, mas depois, com tempo, quando o fato dele ser pai já não for algo tão recente, acredito que ele só esquecerá as mamadeiras.

*Trem: Para quem não conhece é o jeito mineirês de se referir a qualquer coisa.... (???!!!)

Cores em flores de amores - Imagem da semana

Peixinho dourado

Gravidez são nove meses de uma TPM constante (as vezes 3 vezes mais intensa que a normal) além de muuuuuuita ansiedade. Para uma pessoa que já não sofre deste mal, no meu caso da ansiedade – OK, o da TPM também! – não há muito o que fazer além de comer das unhas aos pacotes de biscoito. A primeira grande ansiedade era a do sexo, nossa...quase fiquei louca...tentei intuição, revelações em sonhos, opiniões alheias...qualquer coisa me acalmasse, mas nada resolvia, somente um exame. A segunda grande ansiedade sentir o bebê mexendo dentro de mim.
Pois bem, eis então que surge uma grande dúvida, como vou saber que o que estou sentindo é o bebê mexendo e não meu almoço sendo devorado pelo meu sistema digestivo? Como vou saber que não são gases, borbulhas de amor, o frio na barriga?
Então as pessoas respondiam – relaxa, você vai saber! Mas como??? Como vou saber se neste lar (minha barriga) nunca antes foi habitado por um bebê?! Fui então em busca do grande mestre do magos de todos os tempos, Sr. Google.  E não adiantou nada...aff!!!! A coisa mais próxima de uma descrição da tal sensação que cheguei, foi: Você vai sentir como se tivesse um peixe nadando dentro de você.
Claro! Meus problemas haviam acabado, é só eu lembrar  de como é ter um Beta dentro de mim que tudo se acerta, só tem um detalhe, eu nunca engoli um peixe vivo!!!!!! Vê se isso é descrição que se faça!!!!!
Apesar de ter cogitado fazer a experiência com um peixe vivo de verdade (na verdade ia tentar convencer o Du a engolir um, pois li na em algum lugar que eles sobrevivem por alguns minutos no nosso estômago antes de serem derretidos pelo suco gástrico.) engoli somente a minha ansiedade.
Eis que então estávamos na praia (super apropriado...) quando senti três leves batidas na minha barriga, de dentro pra fora, tum...tum...tum. Não tive dúvidas era o meu neném!!!!
Foi demais!!! Uma delícia, eu estava na 18° semana e achava que ainda ia demorar pra sentir, pois dizem que na primeira gestação pode demorar um pouco mais. Mas eu fui privilegiada e senti. Não tive dúvidas, era o meu acrobata baby e se manifestava dentro de mim.
Claro que ninguém se empolgou tanto quanto eu, pois somente eu senti. Mas tudo bem, sou auto suficiente em empolgação.
Ah! E a minha descrição da sensação é tipo assim.....parece que tem um peixe nadando dentro de você!
PS: Pra quem se revoltou com minha breve descrição, adquira já seu Personal Golden Baby Fish, ele ilustrará um pouco do que você irá sentir durante alguns meses da sua vida!

ULTRASSONS SÃO MÁGICOS

Gostaria de agradecer a algum moço de nome difícil e vida social inexistente que inventou o ultrassom. Esse cara é demais!

Não tem nada mais gostoso do que fazer este exame, ver o bebê, escutar o seu coração batendo e principalmente saber que estar tudo bem com seu filhote, não tem preço. A sensação é única e maravilhosa.

Mas o mais incrível mesmo, é como seu olhar muda. Quando você não é mãe uma foto de ultrassom parece um borrão sem sentindo, porém quando é o seu bebê, você consegue identificar tudo...é incrível! Aquela obra de arte abstrata, pintada por elefantes, se torna clara e visível, tudo é tão óbvio...como que as pessoas não enxergam o átrio direito do bebê?

No tal do morfológico então, esse é sensacional, confesso que fiquei até abismada, vimos até o céu da boca do neném!!! Viva a tecnologia, viva olhar estético maternal e viva o médico que teve a maior paciência de me explicar tudo!!!!!!!!

Pra que estudar teoria da arte? Pra que estudar Estética? Filósofos com nomes difíceis...nunca mais!!!! O futuro da crítica artística está no olhar aguçado de mães loucas para enxergar em uma manchinha preta na foto ou um ponto branco qualquer o cerebelo do seu filho.

PS: acho que um aparelho de ultrasson deveria vir no enxoval do bebê!

Umbigo ou Dois: Alguma “Coisa” acontece no meu coração – Parte I

Umbigo ou Dois: Alguma “Coisa” acontece no meu coração – Parte II

Alguma coisa acontece no meu coração – Parte II

Uma mistura de entusiasmo, receio e estranhamento. Foi assim que me senti no caminho do meu primeiro exame de ultrassom. Estava excitada, claro, mas por momentos achava que quando o aparelho encostasse na minha barriga não ia ter nada lá dentro. Acreditei mesmo, que era possível que toda esta história de gravidez não tinha passado de um louco engano, e que tudo que veríamos era meu estômago e tripas se revirando. Sem contar que todas as ultrassons que eu já havia visto era uma borrão preto e branco, que nem usando toda minha capacidade de abstração e imaginação, nem tampouco meus conhecimentos em arte moderna me faziam conseguir visualizar um bebê. Para frustração da mãe que me mostrava, como todo seu entusiasmo cada parte do seu neném interior.

Eis então que é chegada a hora entro na sala escura e o médico que fala pra tirar a calcinha. Oi??? Como assim???? Que eu saiba eles passam uma geleca na sua barriga, pra que tenho q ficar pelada? Enfim....sem entender muito, fiquei. Deitei na cama, dei a aquela arreganhada (hj são tantas que já nem me importo mais!) e ele literalmente “xuxou” o trem em mim. Não tive nem tempo de sentir um susto se quer,  pois assim que pensei em reagir olhei para a tela e vi uma coisa parecida com um filhote de E.T se mexendo, mexendo muito. Aquilo, ou melhor, aquele era o MEU filhote. Então me emocionei. Pra ser sincera não sei o que senti, só sei que senti...senti tanta coisa boa, meus olhos ficaram vidrados na tela, meu coração acelerou e minha boca tava tão sorridente que depois até doeu. Foi a coisa mais linda que já vi.

O mundo naquele instante parou, o tempo parou, nada mais importava, só ele, só aquela coisinha viva que se mexia loucamente dentro de mim, com seus projetos de braços e pernas e já um pequeno e ainda incerto projeto do que mais tarde se confirmaria ser de um pintinho. Naquele momento, eu soube, simplesmente soube, que tudo daria certo.

Uma força invadiu meu peito, uma certeza absoluta de que aquilo tudo era a melhor coisa que podia ter me acontecido, e com certeza é e será sempre. Dentro de mim agora habitava um ser, uma vida, um futuro, o meu futuro, o nosso.

Que bom que não tinha um buraco vazio ali, que bom que não eram minhas tripas se remexendo, que bom que era o meu filho. Sim, filho. Esta foi a primeira vez que senti um amor além do imaginável, foi a primeira vez que me senti realmente ligada a alguém, a primeira vez que tive certeza que algo realmente valia a pena.

Você, meu filho, vale a pena, vale tudo de melhor que eu puder te oferecer, vale cada gotinha de amor que eu tiver pra te dar.

Minha única dúvida depois daquele momento é se teríamos no mundo mais uma flor, ou uma estrela.